Serviço
Pandemia também impacta a reciclagem
Prestes a completar um ano, a coleta seletiva sente os efeitos no volume de material recolhido e os recicladores, no bolso
Carlos Queiroz -
Há cerca de um ano, 19 regiões da cidade passaram a ouvir, duas vezes na semana, a característica música dos caminhões da coleta seletiva em Pelotas. Atualmente o serviço abraça 80% dos bairros e localidades; e ao longo desse período, a quantidade de toneladas coletadas ao mês subiu de 124 para cerca de 300. No entanto, a pandemia da Covid-19 atrapalhou os planos de ampliar a cobertura do serviço, além de ter provocado redução no volume de materiais reciclados, mudança que impacta diretamente a vida das mais de cem famílias que dependem das seis cooperativas parceiras do Sanep.
Conforme explica o coordenador do Departamento de Resíduos Sólidos da autarquia, Edson Pla Monterosso, o primeiro ano após a ampliação é de resultados positivos na participação da população e conscientização. “São 12 toneladas de materiais por dia. É um dado muito bom para uma das poucas cidades que têm a coleta seletiva implantada no Brasil”, ressalta. Em 2018, os dados ONG Compromisso Empresarial de Reciclagem apontaram que apenas 22% da população brasileira possui acesso a um sistema de coleta seletiva. Por aqui, o plano é que a cobertura do serviço aumente ainda mais nos próximos anos.
A ideia do Sanep era que o percentual de 20% das regiões da cidade sem o serviço passassem a contar com o sistema ainda em 2020, plano que agora está sem data para iniciar. “O planejamento era de começar 2021 com a coleta seletiva em 100% dos bairros”, explica o coordenador. Em razão da pandemia, nos últimos três meses, as coletas passaram de duas para uma vez na semana - a redução de reciclados é de 30%. Para Monterosso, a queda se justifica em dois fatores principais: a diminuição da atividade econômica - e a consequente redução do consumo - e a falta de conscientização por parte da população. Com a crise na economia, o poder de compra é menor e compras supérfluas são deixadas de lado. “Os resíduos não somem, as pessoas que migraram eles para coleta orgânica”, completa.
Cooperativas enfrentam dificuldades
Com o aumento na zona de cobertura da coleta seletiva, as cooperativas tiveram dias melhores. Mais toneladas de resíduos coletados nas casas é sinônimo de uma renda maior para as famílias envolvidas em um ciclo de reciclagem do lixo em Pelotas. Até março, a perspectiva era de uma melhora constante. Na Cooperativa de Trabalho e Reciclagem (Cooreciclo), por exemplo, modificações no espaço puderam ser feitas, como a obra de uma área para proteger os materiais da chuva.
Contudo, em meio à pandemia, pensar sobre o destino do próprio lixo virou discussão secundária. É o que lembra o coordenador da Cooreciclo, Carlos Pereira, que sintetiza o momento: “estamos sem perspectivas”. Essa é uma das seis cooperativas conveniadas ao Sanep. De todos materiais que chegam por semana no local, entre 40% e 50% não são aproveitados; situação que já era comum e se agravou nos últimos meses.
Agora, além de rejeitos como fraldas, animais mortos e restos de podas, os trabalhadores se deparam com máscaras e luvas em meio ao material que em tese, deveria ser exclusivo para a reciclagem. “Se viesse tudo separado, como deveria ser, a gente conseguiria fazer muito mais”, explica o coordenador. Fora a falta de conscientização, contratos com empresas foram suspensos, como aquelas do ramo de hotelaria e casas noturnas - a queda na demanda é de 50%. “Se antes o serviço era de risco, agora ainda mais”, frisa. Dos 15 cooperados, dez estão na ativa, enquanto outros cinco estão afastados por pertencerem aos grupos de risco; 14 estão recebendo o auxílio-emergencial do governo federal.
Faça o descarte correto
Moradores das regiões que ainda não possuem cobertura da coleta seletiva podem agendar o serviço, basta telefonar para (53) 3025-3810 e marcar um horário para o caminhão do Sanep buscar os resíduos recicláveis - vidro, plástico, metal e papel -, nas quartas-feiras ou sábados. Este formato é válido para regiões como Sítio floresta, Vila Princesa, áreas do Fragata, Sanga Funda e Arco-íris. Outros quatro ecopontos estão habilitados para receber os materiais. Eles estão localizados no Centro, Balsa, Laranjal e Fragata. Ainda há a opção de levar os resíduos diretamente às cooperativas que recebem os produtos e transformam em fonte de renda para mais de cem famílias.
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